Nascido em 29 de setembro de 1927, em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, Cid Moreira começou sua trajetória no rádio. Sua voz aveludada e marcante rapidamente se destacou. Na década de 1950, ao lado de outros grandes nomes da comunicação, ele começou a ganhar espaço na televisão. Esse meio despontava como o novo veículo de informação no Brasil. No entanto, Cid não se limitou a ser apenas um apresentador de telejornais. Ele se transformou em uma referência, um sinônimo de credibilidade.
Consolidação no Jornal Nacional
A década de 1970 marcou a consolidação de Cid como âncora do “Jornal Nacional”, da Rede Globo. Esse programa se tornaria o principal telejornal do Brasil. Sua apresentação era um ritual que atravessava lares e unia famílias em torno da televisão. Cid Moreira criava uma espécie de companheirismo com os espectadores. Cada edição do “Jornal Nacional” era uma maratona emocional, onde Cid conduzia os telespectadores pelas notícias, das mais triviais às mais dramáticas. E quem pode esquecer seu bordão: “E a gente fica por aqui. Boa noite.” Essa frase, repetida noite após noite, tornou-se um elo de afeto e familiaridade.
Resistência em Tempos de Censura
Cid Moreira também enfrentou desafios durante sua carreira. Em tempos de censura e repressão, sua voz se tornou uma ferramenta de resistência. Ele precisou navegar por um cenário político conturbado, equilibrando a imparcialidade jornalística com a necessidade de informar. Era um povo sedento por verdade. Essa dualidade não era simples, mas Cid soube lidar com isso. Ele sempre manteve seu compromisso com a ética e a informação precisa. O que poderia ter sido um simples trabalho, para ele, se transformou em uma missão.
Aposentadoria e Reinvenção
A aposentadoria de Cid Moreira do “Jornal Nacional”, em 2002, foi um marco. Ele já havia se tornado uma figura quase mítica, e sua saída deixou um vazio no coração de muitos. No entanto, Cid não se aposentou da comunicação. Ele se reinventou, continuando a impactar a sociedade de outras formas. Recentemente, sua presença nas redes sociais trouxe uma nova dimensão à sua carreira. Ele provou que ainda é uma voz relevante, mesmo em uma era digital.
A Voz no Futebol e o “Jabulaaani”
Apesar de não ser um grande fã de futebol, Cid Moreira narrou e fez locuções de jogos históricos. Ele revelou recentemente ser admirador de Garrincha e que foi algumas vezes ao Maracanã para vê-lo jogar. Além disso, Cid marcou a história com seu icônico bordão fazendo referência à bola da Copa do Mundo de 2010, a “Jabulaaani”. Esse bordão repercutiu muito no Brasil. Outro bordão ficou muito popular especialmente em 2014, quando o astro Mick Jagger veio ao país assistir à Copa. Durante essa edição do torneio, um novo bordão surgiu, onde Cid Moreira falava apenas o nome do cantor “Mick Jagger” que se repetia no programa Central da Copa da TV Globo. A brincadeira era que toda seleção que Mick Jagger torcia acabava sendo eliminada da competição.
Um Legado Inesquecível
Cid Moreira é um exemplo de como uma pessoa pode deixar uma marca duradoura na sociedade. Ele não foi apenas um jornalista. Ele é parte da história do Brasil, uma voz presente em momentos de alegria e nas horas de crise. Sua trajetória ensina que, independentemente das mudanças ao nosso redor, a paixão pelo que se faz e o compromisso com a verdade sempre encontrarão seu espaço. Ele pode ter encerrado seu capítulo, mas a história de Cid Moreira continua a ressoar em cada coração que, de alguma forma, foi tocado por sua voz. E assim seguimos, ouvindo o eco de suas palavras em cada noticiário e em cada narrativa que nos conecta. Hoje 03 de Outubro de 2024 Cid Moreira faleceu, mas estará sempre marcado na história do Brasil como o “Mister M” do jornalismo.